25.7.06

foto # 13A > Cabeça

Firmes e aferrados
estabelecem o imóvel.
A vida é que passa...


Na rua do Aqueduto, paralela à Alte. Alexandrino em um nível acima, teria, a princípio, uma visão geral do largo dos Guimarães.
Logo um bom detalhe me esperando na balaustrada, no corrimão de ferro fundido, que a altura é de quase três metros e não há calçada. Atentei de imediato para o contraste entre este bloco de ferro e o bloco de cimento do prédio ao fundo. Isso, na perspectiva de uma grande angular, que diminui dramaticamente o objeto, quão mais distante ele esteja.
Disfarçadamente, precisava esconder uns elementos coloridos que desviam a atenção, como lixeiras cor-de-abóbora... O objeto em primeiro plano serve muito bem para isso, é uma das melhores maneiras de falsificar os fatos numa foto...
Como se chamaria essa “coisa”?... Pontão, cabeça?
... Talvez tenhamos aí um exemplo de absoluto domínio da imagem sobre a palavra...
O fato é que não se faz literatura com o que não se conhece. E melhor literatura faz quem mais conviveu com seu tema, em tempo ou intensidade. Idem para a fotografia: quanto mais se sabe de um assunto, de uma tarefa, melhor o resultado. O que pode mudar essa equação, é claro, chama-se talento...
No caso, questões de luz e seus contrastes. Num contraluz forte como esse, mantido o enquadramento, ideal seria suavizá-lo com um rebatimento, uma superfície branca ao lado da máquina que devolveria um pouco da luz do sol sobre a sombra do capitel (lembrei!...). Na prática, na hora, nas circunstâncias, não se pode ter tudo...
Em contraponto meio mágico, no momento exato da foto entra o carro, de uma cor até apropriada. Fica pela metade, com uma grande área de sombra, tornando mais estranha e intrigante a imagem. E passa alguém junto ao prédio.
São bem chegados... Sem eles seria outra foto. Mas, essa, é a que é.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Esta é minha foto predileta. Passo por ali quase todos os dias, passeando com meu cachorro, nunca presto atenção nos capitéis, parte da grade foi destruída. Será que o cachorro me desvia a atenção ou me falta mesmo o olhar treinado do fotógrafo?
Romildo Guerrante

10:38 AM  

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