foto # 18A > Símbolos
escorre lívido sangue:
Estando ali, tinha que ir ao Convento das Carmelitas, ladeira de Santa Teresa abaixo, a caminho dos pés dos Arcos da Lapa. Uma construção destacada, para quem olha do centro da cidade. Tinha que entrar na minha lista...
Lá perto a coisa não era tão fácil... Cercado por muros e grades altos e espessos, sem possibilidade de acesso àquela hora do dia, o enquadramento ficava prejudicado, porque, na medida em que me afastava, mais descia na ladeira... O muro parecia aumentar, ia encobrindo o prédio, só visível, portanto, numa faixa de poucos metros na rua.
A menos que entrasse na casa de alguém, o único primeiro plano era o poste. Ainda bem que era perfeito para o que eu queria! Ainda mais com aquela mancha de tinta escorrida, sangrando...
É impossível não fazer alguma associação simbólica, e cada um faça a sua... O branco do prédio antigo, o branco subentendido do hábito das religiosas, o branco da mancha sobre a ferrugem do velho poste, sua lâmpada branca fazendo um gesto de aproximação (ou aflição?) para o Convento e, mais que tudo, o branco da luz do sol sobrepondo-se aos nossos pequenos e múltiplos dramas e pretensões...
Aí, para evitar a invasão do contraluz na lente tão aberta, entrou minha mão no cantinho da imagem, como uma nuvem escura de preocupação...
Quanto à foto, deu pra ficar satisfeito...
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