foto # 25A > Sonhos
Ao longe, ficam mais leves,
quão árida a vida...
Ah, o Castelinho, aquele castelinho ali acima da rua Áurea, dominando a curva mais saliente da Alte. Alexandrino... É um ponto da paisagem de Santa Teresa tão evidente, tão provocador, que não há como evitar. E eu não tinha fotografado ainda...
Às vezes, deixa-se o óbvio, por ser óbvio, para depois, e, este depois pode passar a ser nunca. Numa reportagem, a ânsia de buscar o diferente, o inusitado, pode fazer com que esqueçamos que é preciso se apoiar em pontos básicos, que vão referenciar e, ao mesmo tempo, estruturar a informação.
Deu trabalho achar o melhor ponto de vista para ter o chamado Castelo Valentim ao fundo. Subi a rua Aprazível (que faz um grande arco acima, junto à montanha), tentando pegar uma visão lateral. Até circulei entre as mesas de um restaurante bem localizado, mas nada...
Acabei chegando à outra ponta da Aprazível, esquina da própria Alte. Alexandrino. O Castelinho estava lá, perfeito, na proporção exata, mas, e o primeiro plano?...
Só o muro, com sua folhagem seca, parecia uma alternativa. Estava ótimo o jogo da luz estourada no muro com a sombra das árvores e do prédio, mas o detalhe, o galho seco, ficava alto demais. Não daria o efeito, imaginado, de tentáculos e presa...
Ficou expressivo, mas é daquelas fotos que quem fez, ainda que aplaudam, sabe não ter sido a ideal. Resta no fundo da mente uma imagem impossível, que só o fotógrafo viu. Não fez, mas nem por isto deixou de existir...
Nunca serão publicadas, nunca estarão numa exposição... Na verdade, nunca existirão. Mas, qualquer fotógrafo lhes dirá das maravilhosas fotografias que não fez.
E que o mundo (também ele, e só ele sabe...) perdeu.
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