25.7.06

foto # 32A > Confronto

Meio se ambienta,
avança a máquina da morte
e a dor silencia...


Segunda-feira, devolver o filme até 18hs. 
Volto a Santa Teresa no meio da tarde. Restam poucos fotogramas, eu tinha duas fotos já imaginadas.
A caminho de uma delas, vejo a árvore seca, seus galhos esgarçados, espalhados, atravessando acima de quase toda a largura da Alte. Alexandrino, perto da Escola Suíça.
Gosto de copas de árvores, tanto quanto sofro por árvores que perderam a copa... Na verdade, não parei para pensar por que razão aquela bela garota tinha se desesperado e desfolhado a alma, se descabelado em todas as direções sob aquele velho azul indiferente do céu... Talvez fosse a seca do inverno, talvez a poluição, talvez o rangido dos bondes, podia ser apenas uma característica da espécie...
Vi que tinha a base da foto e isso bastava. Aí, quem se desesperou fui eu, procurando o detalhe, que na verdade ia apenas coadjuvar aquela presença rascante ao pôr-do-sol.
Comecei pelo próprio tronco, grafitado e pichado, sofrido também. Mas, seria redundante. Tentei os muros, as grades: nada se encaixava. Até que encontrei a caminhonete, seu cano de descarga para o alto, recoberto por uma tela, apontando para a árvore. Senti sua atitude ameaçadora, seu desafio, sua pose de conquista...
Entendi que estava em pauta uma questão civilizatória: até onde iria o esforço humano no processo de superação da natureza, na tentativa de se afastar das raízes, na busca do abandono de suas origens, na ilusão de se transformar em um Deus ilusório?...
Depois de uma ridícula ginástica (minha amiga Rosana ficou rindo de longe), saiu o enquadramento possível da imagem.
Ficou ainda mais evidente o confrontamento dos inimigos...