fotos # 34A e 35A > Artes
(não cabe nas mãos de um só...)
Procurei outra amiga, Márcia, moradora da Alte. Alexandrino próximo à Júlio Otoni, pintora e escultora, cada vez mais envolvida com cerâmicas. Propus uma foto dela bem de perto, usando seus escarificadores e espátulas, como uma espécie de síntese de todo este mundo artesão, de toda esta manifestação do universal pela tortuosa via do humano.
Fizemos e desfizemos sua sala, mesa sobre mesa, mesas junto à janela, panos e toalhas, instrumentos e cafezinhos, tentando controlar a imagem, que queria expressiva, apesar e graças às dificuldades do forte contra-luz da janela. Acabou valendo a segunda, a vertical, depois da desajeitada tentativa inicial.
Já o outro caldeirão, buliçoso, ficou ao fundo, não muito longe. De sua janela vê-se o morro dos Prazeres, uma das maiores favelas de Santa Teresa, uma outra face da moeda...
Crescendo a cidade, tantos (e outros tantos) se acomodaram, evitando os suplícios dos subúrbios, em suas nesgas e em seus flancos, e Santa Teresa mudou sua face, de precário paraíso pequeno-burguês a quase bairro-dormitório proletário, ao migrar das massas...
Hoje vive imersa na fragilidade dessa contradição, numa convivência entre classes meio divididas e meio solidárias.
Nó de difícil feição, a ser sempre desatado num jogo de harmonias possíveis pelos poderes oficiais e os alternativos...
Mais do que esta dicotomia, a valiosa e tradicional moeda tem, numa face, a ação individual, meticulosa, geradora de excelências, e, na outra, a expansão coletiva, desorganizada, perigosamente poluidora. Tanto no asfalto quanto no morro...
Emociona ver como as pessoas tornam (e sabem manter) real o equilíbrio.
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