25.7.06

foto # 24A > Reflexões

Firme, o indivíduo,
refletido no coletivo,
define sua imagem.

Às vezes, o que vale é a oportunidade. Queria fazer mais fotos dos bondes. Quando me dou conta, estava engarrafado na esquina de Monte Alegre e Pascoal Carlos Magno, com um deles vindo em minha direção...
Rapidamente percebi a chance: usar a mim mesmo no espelho do carro como detalhe, e o bonde, que ia dobrar à esquerda na esquina, como fundo-referência. Num átimo (que o bonde sabe ser rápido quando não estão no seu caminho...), registrei uma imagem cheia de possibilidades reflexivas, além da sugestão do uso de espelhos na fotografia...
Aliás, toda produção fotográfica poderia ser classificada pelo grau de interferência do fotógrafo. Desde os que parecem anjos invisíveis (e, portanto, não “aparecem” na foto); passando pelos que “recompõe” os fatos e a foto, meio que corrigindo o que foi alterado pela sua presença; até os que criam e transformam, fazendo uma nova realidade, espelho de sua mente (muitos acham que estes simplesmente mentem...).
Depende do objetivo (jornalístico, documental, artístico etc), pois cada um deles permite mais (ou menos) flexibilidade (ou fidelidade). Ou, da adequação entre a maneira de obter a foto e o objetivo. Ou, finalmente, da ocasião...
Não há lógica, ética ou estética, que esclareça esta questão, que será resolvida pelos resultados... O melhor critério talvez seja pesar o quanto esta presença se torna uma coisa “incômoda”, como um jogador de futebol que prende demais a bola ou um escritor que abusa de autorreferências, este tipo de coisa que parece estar começando a acontecer aqui, agora... 

Que ninguém se iniba. Ao contrário, que seja estímulo. Ainda se tem a velha alternativa de contar convincentemente uma história, de vender bem o seu peixe, como se poderia dizer nos botecos de Santa Teresa...